domingo, abril 27, 2008

李振藩 CAPITULO CXIII: ciganomanias

Eu não gostava de ter um chinês por inimigo. É verdade que são baixotes, franzinos, um tanto ou quanto "grunhos", indefesos, mas quando se juntam são piores que os ciganos. Bem me lembro na preparatória como é que era quando havia "fruta" com ciganos: vinha o pai, a mãe, a irmã, o primo, todos e mais alguns e quando "davas por ela" já era 2 dúzias de pessoas a mais e meia dúzia de dentes a menos. Aqui a estória é mais ou menos parecida, com o facto de as 2 dúzias rapidamente passarem a 4, 8, 16, 32 e por aí em diante, fazendo uns milhões em tempo recorde. Não se partem dentes nem se puxam cabelos, não há peixaria explícita, mas as consequências são globalizáveis.

Depois do incidente da tocha olímpica em Paris, em nome de um Tibete Livre (tenho hoje uma opinião mais adulta da trindade Dalai Lama-Partido-Tibete e diga-se em abono da verdade que muita asneira se conta por aí), onde um tibetano de Salt Lake City tentou roubar a tocha a uma chinesa em cadeira de rodas, muito acontecimento diplomático se desencadeou. O mayor de Paris hasteou a bandeira do Tibete, os anéis olímpicos viraram algemas em fundo fúnebre, foi atribuída cidadania francesa ao Dalai Lama e os franceses saíram à rua para protestar. Bem ou mal, não foi certamente sábio - não tenho as contas feitas para quantas vezes me apeteceu trocidar um cigano em pleno intervalo, o gozo seria orgásmico, mas de curta duração e recheado de efeitos colaterais. Em pouco mais de 24horas, começaram a circular sms, emails, cartazes a mobilizar a nação chinesa para deixar de fazer compras no Carrefour (o Carrefour tem só 150 hipermercados na China e é o maior retalhista multinacional aqui) e evitar comprar tudo o que seja francês, Louis Vuitton, Channel, L'Oreal, Carrefour, Renault, Peugeot e mil e uma marcas mais. Atenção que a China não tem o tamanho de Portugal e o Made in Indonesia da altura do Timor Livre é uma brincadeira perto disto.

Fui a semana passada ao Carrefour aqui junto a casa - uma dos hipermercados que mais factura aqui em Shanghai - e tirando meia dúzia de moscas só estavamos lá 3 ou 4. A maioria dos grandes parceiros multinacionais (Unilever incluída) anulou já investimento massivo que estava programado até Agosto e não sei bem onde é que isto vai parar. A direcção do Carrefour já manifestou o apoio aos Jogos e à integridade territorial da nação chinesa, mas depois de tanta "asneira" em Paris, as coisas não estão fáceis. A acrescentar a isto, está já disponível na internet para quem quiser ver toda a vida do suposto tipo que tentou roubar a tocha em Paris (eu avisei que eles são piores que os ciganos!), um tal de Lobsang Gendun. Desde nome, idade, morada, matrícula do carro, estado civil, profissão da mulher e escola onde estudam os filhos, até um mapa do Google Maps com a sua residência (não a actual, porque segundo consta o "menino" está escondido num hotel sem acesso a comunicações e com guarda-costas 24 horas por dia), está lá tudo.

Não sei se neste caso partir dentes vai levar mais tempo do que destruir modernos impérios do consumo, mas com uma família de 1.3 biliões de pessoas está provado que não se brinca.

Aquele abraço made in China,

司辉 逸




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