sexta-feira, fevereiro 16, 2007

李振藩 CAPITULO XV: Fapiao

São 2 da manhã e tiro a carteira do bolso. Aproveito para ver se ainda há dinheiro suficiente pra almoçar amanhã...não creio. Levantei 1000RMB hoje e já não sobra muito. Agarrado às notas sai um papel que guardei pelo respeito que lhe ganhei. Conheci-o ontem. Tinha acabado de almoçar, mais uma comida chinesa, soja e picante q.b., óleo em demasia, umas verduras em wok e mais umas coisas que nem quis saber bem o que são. Enchido o bandulho, o máximo que posso fazer é esperar que caia tudo seguro no fundo do estômago. Veio a conta para a mesa. Fapiao, gritou a Eleni. Fapiao....fapiaaaooo....fapiaaaaaoooooo.....ecooou até ao mestre de cerimónias que atrás do balcão faz as contas do deve e do haver. O fapiao chegou, pronto a ser testado. Tiro uma moeda ao calhas e vai de raspar.

Um xièxie [obrigado] é tudo o que tens para me dizer?!?

Levantei-me e virei as costas, atirando-o para o prato de onde voltou.
Au revoir, fapiao.

Já me tinha acontecido o mesmo uma vez, na Suécia. Não estava à espera de o presenciar aqui mesmo na China, um país que embora em explosão, permanece arcaico nas vivências sociais e culturais do dia-a-dia. Numa cidade de 18 milhões, conseguir cobrar o imposto a metade desta gente, dá tanto quanto o Orçamento de Estado em Portugal contempla para 2007. Onde bastam 10 em cada 100 para encher uma Nova Lisboa, a preocupação com a fuga aos impostos já se manifesta. Foi assim que nasceu o Fapiao - uma mistura de factura com "raspadinha". Todos os estabelecimentos comerciais têm de o ter. Basta pedir, raspar e voilá...prémio?

Ganha o país, porque o consumidor pede factura e o Estado arrecada.
Ganho eu, porque me abriu os olhos e porque o vício da "raspadinha" e do dinheiro fácil é inato.

Ganha o vício, porque se perpetua...


El fapiao

1 comentário:

João Ramalheira (소아오 하말례이라) disse...

ganda bom! tou a ver que andas em gde por Shanghai!
em breve faço-vos uma visita por ai, e ja sabem, em Seoul ca vos espero! lol!
akele abraço!
Ramalheira