terça-feira, maio 29, 2007

李振藩 CAPITULO LXI: em contra-tempo (cont.)

Aqui está um pouco do que se passou no Pavilhão Atlântico, na passada 6ªfeira, onde a 'casa foi abaixo'.
Para quem conhece, ora aí está ele. Para quem não conhecia, deixa de haver desculpas.

Um abraço em '4 por 4',

HuiYi Si

李振藩 CAPITULO LXIII: aqui bem perto



Eis a mais recente Miss Universo. Depois de 48 anos, o Japão ganha pela segunda vez na sua História o primeiríssimo lugar. O Kenji-san estava radiante! Era vê-lo sorrir de orgulho, cabeça erguida, peito cheio...
Ainda tentei ir procurar a candidata portuguesa, para tentar provar por A+B que a votação tinha sido injusta, mas vai-se lá saber porquê (não foi certamente por falta de matéria-prima), não tivemos concorrente.

Serve-me o consolo de dar um salto ao Japão lá para Outubro.

Aquele abraço de 'votação 10' na mão,

HuiYi Si




segunda-feira, maio 28, 2007

李振藩 CAPITULO LXII: Wiiiii....

Não me peçam nomes porque não dou, (desculpem Alves e Rapazote, mas não consegui por um blur nas vossas caras), mas isto que aqui vêem são 2 maluquinhos tugas a jogar a nova Nintendo Wii. Sim, a consola responde por movimentos e não por um simples clicar de botão. É uma maravilha, posso assegurar-vos! E o melhor de tudo, está cá em casa durante um mês.

Por um serão de jogatana,

HuiYi Si

李振藩 CAPITULO LXI: em contra-tempo

Anteontem actuou em Lisboa uma das melhores (para mim a melhor) banda ao vivo do mundo: Dave Matthews Band. Depois de mais de 10 anos a coleccionar todos os CDs, DVDs, bootlegs, vídeos, letras, até t-shirts, e de alguns mails a sugerir que viessem a Portugal (a banda só actuava até agora nos EUA), escolheram logo um dia e um mês em que estou na China. Prefiro pensar que foi coincidência. É que quando se tem um tipo que escreve letras como ninguém, um baterista que consegue 'dar notas' com ritmos, uma ambiência polivalente e um virtuosismo ímpar, o resultado atinge-nos com uma simplicidade aterradora.

Diz quem lá esteve que a 'casa foi abaixo'. Pudera.
Para quem ainda não conhece, os meus pêsames.

terça-feira, maio 22, 2007

李振藩 CAPITULO LX: hi-tech

Só japoneses maluquinhos no metro com telemóveis, playstations e afins. Era isto que me vinha à cabeça quando pensava no Japão, antes de p'ra cá vir. E a verdade é que parece que é mesmo assim. Hoje percebi porquê, ao entrar em discussão económico-metafísica com o Kenji. O patamar é efectivamente outro. No final de uma breve introdução ao assunto só não percebia era como é que marcas com pouca expressão na maioria dos países - tipo NEC, Panasonic, Sharp - podiam fazer deste mercado a coisa mais desenvolvida à superficie da terra. Ora vamos por partes:

1º: as marcas são japonesas e os operadores são japoneses.
Ao fim e ao cabo, tudo uma grande família, digamos.


2º: não são as marcas que ditam a inovação, mas as operadoras.
Quer isto dizer que transpondo para Portugal, seria o mesmo que a TMN dizer à Nokia (assumindo que a Nokia é portuguesa...) que queria os próximos telemóveis com a função A, B e C e não o que acontece agora, que é a Nokia que diz à TMN o que ela vai 'comer'. Isto leva a que à partida as operadoras assegurem uma certa uniformizaçãoo em todos os telemóveis e por isso os consumidores, independentemente da marca que possuem, acabam por conseguir 'interagir' com todos os outros modelos.

3º: o preço não é a variável crítica.
Assim sendo, em vez de o 'móbil' ser ter 3 ou 4 telemóveis em casa como acontece em Portugal, cada um tem um, mas bem artilhado. Além disso, o tipo que acha que vender barato é que é, como aconteceu com a VODAFONE no Japão, 'arde' em meia dúzia de dias.

4º: há uma perspectiva comunitária no negócio.
Quer isto dizer que parceiros de negócio nao se atraiçoam uns aos outros em busca do lucro fácil. Criam-se laços familiares em que cada um respeita o espaço do outro, porque afinal de contas a honra sempre vale qualquer coisa.

O resultado disto tudo parece extremamente simples: a maioria dos telemóveis (aí à volta dos 200euros mais 10eur de mensalidade fixa) andam equipados com DCMX (um sistema com um chip no aparelho que serve de cartão de crédito, passe para os transportes públicos, membership cards, chave de casa, etc...), download de mp3 ilimitado a uma taxa de download simpática (5 segundos por música), TV incorporada, consola de jogos, o chamado 2 em 1 (ter dois números, por exemplo o da empresa e o pessoal a funcionar no mesmo telefone), o 'push to talk' (uma espécie de walkie talkie em que se carrega num botão e se fala de borla para os amigos), gps e internet.

Mas o cúmulo é este: os japoneses não conhecem o sms. Porque apesar de todos os telemóveis estarem equipados com esta funcionalidade de que nós, portugueses, tanto gostamos (e que no Natal despachamos aos milhões...), estes amigos desde os primórdios têm como função comum no telemóvel, imagine-se, o email.

Assim sim, dá gosto.
Um abraço a 3.6Mbps,

HuiYi Si

segunda-feira, maio 21, 2007

李振藩 CAPITULO LIX: o verdadeiro faroeste!

Já várias vezes veio à baila o tópico da propriedade industrial na China. Um palavrão destes apenas para definir uma coisa conhecida no senso comum como direitos de autor. O que não é tão senso comum é como aqui na China olham para isso. Aliás, olhar até olham mas não vêem nada, pelos vistos. Além de roupa e tecnologia, agora falsificam-se ovos. É verdade, vinha hoje num jornal japonês de distribuição gratuita em Shanghai um alerta aos consumidores:

Atenção! Ovos falsos da marca 'X' estão a ser comercializados na China em embalagem igual e vendidos ao mesmo preço!


A única coisa que aparentemente não diziam é como é que é suposto eu antes de comprar perceber se estou a comprar gato ou se estou a comprar lebre.
Bem, talvez o segredo esteja no cú da galinha!

Aquele abraço, patenteado,

HuiYi Si

sexta-feira, maio 18, 2007

李振藩 CAPITULO LVIII: state of the art

Ao final de 4 meses a trabalhar em marketing estratégico (o que quer que isso seja...), já tenho saudades de pôr as 'mãos na massa' e ver as coisas acontecer. Tenho saudades dos tempos em que não tinha sequer 1 segundo para ver mails e de precisar de ter ideias mesmo quando faltava a inspiração. E de ter inveja quando via filhos da mãe a tirar uma grande ideia da cartola.

Um "mas que grande FILHO DA P**A", não censurado, com todas as letras e bem alto para o gajo por detrás disto.



quinta-feira, maio 17, 2007

李振藩 CAPITULO LVII: já era

A publicidade que tinha andado aqui a fazer pelos corredores há uns tempos atrás acho que foi 'beliscada' pelos recentes casos que vão torneando o nosso miserável pais.

Primeiro o caso do Engenheiro, que não interessa a ninguém. Falou-se tanto sobre isso que mesmo quem não percebe a língua de Camões acaba por ouvir e ver a mesma imagem e os mesmos tópicos tantas vezes que acabam a perguntar-me o que é que se passa. E interiormente devem questionar-se ou que raio de país terceiro-mundista é este onde o facto de o PM não ter a licenciatura o torna pior governante ou que raio de país é este onde não há nada mais urgente para discutir. Quer queiramos quer não isto faz esmorecer a vontade de quem pretende ter umas férias em Portugal.

Depois disso, vem agora a estória da Madeleine, raptada no Algarve. Grande propaganda que eu fiz ao sul do país! Boas praias, excelente comida, irrepreensível hospitalidade. Desta vez nem foi preciso abrir sites portugueses. A noticia estava escancarada em todos os jornais - não chineses, porque por cá pedofilia 'não existe' - franceses, italianos, ingleses, enfim, em todo o lado. A acrescentar a isto, toda a propaganda fanática sem sentido que se faz à volta do caso, programas sem fim, apelos, ligações em directo, estrelas a reunir dinheiro, enfim, uma verdadeira tristeza. Assim se transforma um caso num reality show e se perdem alguns turistas para o verão.


Numa tentativa remediada de inverter a situação, hoje ao almoço provoquei o Kenji. Então diz-me lá meu amigo, qual é o caso do momento no Japão? O homem pensou, pensou, pensou e nada... Ao fim de 5 minutos, quando a conversa já era outra, disse-me: O último foi aquele de que te falei há 2 meses, sobre o presidente da câmara que foi assassinado pela máfia. Sim, é serio. Mas no dia seguinte já nem se escrevia ou falava disso, porque é bem mais interessante um país falar de cultura, de gastronomia, de viagens ou de história do que 'não-casos'. Ainda me lembro, quando o tipo foi assassinado, discutia-se em Portugal o caso OTA. Depois disso, parece que passaram anos, já perdi a conta às 'novelas' que começaram...

Bem tento fazer alguma coisa por Portugal. Mas Portugal não deixa.

terça-feira, maio 15, 2007

李振藩 CAPITULO LVI (parte II): meia dúzia

Ahh, é verdade. Declaro o dia 15 de Maio como o dia mundial do Pastel de Belém. Maio é mês santo, o que calha bem, e 15 fica ali bem no meio, por isso é onde está a virtude. E não me lixem, porque já vi dias mundiais por bem menos.

Por uma noite santa sem fantasias e visões gastronómicas, aquele abraço,

HuiYi Si

李振藩 CAPITULO LVI: meia dúzia

Shanghai, 15 de Maio de 2007

A todos,
peço-vos encarecidamente que este fim-de-semana vão aos pastéis de Belém e comam pelo menos uma caixa inteira, por mim. Embora não atenue o meu sofrimento, aumenta a vossa felicidade e se vocês estão felizes isso contagia-me. Uma caixa, nao se esqueçam.
Ahh...e mandem um 'calduço' à gerência por mim, por ainda não terem aberto uma loja por estas bandas.

Aquele abraço em troca de uma caixa de 6,

HuiYi Si

domingo, maio 13, 2007

李振藩 CAPITULO LV: El Patron

Sim, é verdade. Elas andam aí. É durante o dia, à tarde, à noite. Na rua, nos restaurantes finos, nos anúncios de jornal. À entrada, dentro e à saída das discotecas. Sim, é verdade, isto justifica-se.


A 'Cantina Mexicana Zapatas' não patrocina prostitutas no seu estabelecimento. Se é uma prostituta, por favor contenha-se de entrar no nosso jardim ou restaurante. Se não tem a certeza se é ou não prostituta, por favor peça a um dos nossos simpáticos seguranças que lho diga.
Obrigado,
El Patron"

P.S.:uma menção especial ao Estarreja pelo digníssimo copyright.

quinta-feira, maio 10, 2007

李振藩 CAPITULO LIV: 10600km de força

Devia morrer-se de outra maneira.
Transformarmo-nos em fumo, por exemplo.
Ou em nuvens.
Quando nos sentíssemos cansados, fartos do mesmo sol
a fingir de novo todas as manhãs, convocaríamos
os amigos mais íntimos com um cartão de convite
para o ritual do Grande Desfazer: "Fulano de tal comunica
a V. Exa. que vai transformar-se em nuvem hoje
às 9 horas. Traje de passeio".
E então, solenemente, com passos de reter tempo, fatos
escuros, olhos de lua de cerimónia, viríamos todos assistir
à despedida.
Apertos de mãos quentes. Ternura de calafrio.
"Adeus! Adeus!"
E, pouco a pouco, devagarinho, sem sofrimento,
numa lassidão de arrancar raízes...
(primeiro, os olhos... em seguida, os lábios... depois os cabelos... )
a carne, em vez de apodrecer, começaria a transfigurar-se
em fumo... tão leve... tão subtíl... tão pòlen...
como aquela nuvem além (vêem?) — nesta tarde de outono
ainda tocada por um vento de lábios azuis...

José Gomes Ferreira

Embora longe, estou contigo.
Um abraço com 10600km de força,

RuiP.

quarta-feira, maio 09, 2007

李振藩 CAPITULO LIII: conflito semântico, confusão lexical ou erro linguístico?

Já várias vezes me debrucei sobre o tema das traduções, nomeadamente de marcas e nomes ocidentais, transpostos para chinês. Talvez depois de feito possa parecer patético, não sei. Mas a verdadeira obra-prima surge no entanto quando um chinês que parece nunca ter estudado mais do que 10 minutos inglês, quer tentar tornar alguma coisa internacional.

O local: Yunnan.

O método: pegar num dicionário chinês-inglês e parar na primeira palavra com algumas semelhanças linguísticas.

O dicionário: definitivamente alguma coisa mal amanhada.

O ambiente: de festa.

O protagonista: (1)um menor de 18 anos, explorado, cuja única coisa que meteu ao "buxo" nesse dia foi uma grade de Tsingtao ou (2)um velho reformado a fazer uns biscates, cuja única coisa que meteu ao "buxo" nesse dia foram duas grades de Tsingtao e uma garrafa de baijiú

O resultado: esta maravilha

p.s.: Para quem não sabe Tsingtao é a marca nr.1 de cerveja na China. Baijiú é um aguardente com 60º de alcoól. Deve ser servido em copo pequeno mas nunca se sabe.

segunda-feira, maio 07, 2007

李振藩 CAPITULO LII: que "p#%£" de viagem!

Desisti de ser turista. Já de há umas viagens para cá tinha assumido essa resolução.
Como qualquer coisa na vida, não há objectivos sem cedências. E por isso mesmo, para se deixar de ser turista, há que neglenciar uma boa dose de privacidade, um trolley com rodinhas, uma casa de banho limpa, um quarto kingsize, uns assentos de autocarro confortáveis com espaço para as pernas, restaurantes em condições, kits para o dia e para a noite, banho. Mas aquilo que se ganha é indiscutível. Cada dia é uma surpresa. Onde pernoitar uma incógnita.

O ponto alto desta viagem foi decidido no dia antes. Descobrimos no guia que dava para dormir na selva em Yunnan. Na mesma selva onde supostamente se vêem elefantes em habitat natural. Íamos à procura disso. Arranjámos um bom contacto num café em Jinghóng e conseguimos uma casa na árvore por 150 'bimbis'.

Às 20h, já noite cerrada, começámos uma caminhada de 40 minutos. Por meio de mosquitos, pirilamos e sabe-se lá mais o quê, chegámos. Não vimos elefantes mas vimos uma coisa que ao fim de quase uma semana nos deixou ainda mais eufóricos... E depois disso não há palavras. Sem electricidade, à luz de vela, entre zumbidos lá fora e sons desconhecidos, jogámos 'cartadas' até às 'quinhentas'.


noite cerrada na selva de Yunnan


perdão pelo 'palavreado' menos próprio, mas há palavras singulares que em determinadas alturas expressam melhor que qualquer discurso um estado de espírito.



A euforia é simples. 6 dias a obrar numa coisa deste género é complicado. Senhoras e senhoras, uma casa de banho à chinesa é mais ou menos assim...


Quem joga assim, joga duro! Isto é 'mão' pra ganhar!

李振藩 CAPITULO LI: off-track

Voltei de Yunnan. Desta China, longe dos grandes conglomerados e da azáfama do negócio, esconde-se o começo da civilização. Os putos correm atarantados a fugir de nós. As miúdas escondem-se atrás da banca da mercearia para roubarem os últimos rebuçados da tarde, antes do sol se pôr. Entretanto, no campo a perder de vista, colhe-se o último cesto de vime deste dia. Onde a malária subsiste e a gripe das aves se esgueira, vê-se a mais pura das verdades. Aqui, onde a simpatia é a linguagem universal que nos une, um misto de sorrisos e de inocência vê passar por aqui portugueses. Os primeiros 4 de sempre, posso garantir. Bem longe, na China dos campos, dos riachos sujos onde se lavam as hortaliças, das carroças puxadas por homens e empurradas por miúdos, onde todos ajudam, das moscas que rodeiam as vísceras da galinha para o jantar. Afastados de tudo, nesta China de selva, onde há elefantes escondidos, casas na árvore e macacos a saltar de galho em galho, onde a brisa que chega do Laos e da Birmânia sopra forte, onde os mercados onde tudo se vende são o denominador comum. A China onde os poemas de Li Bai se aprendem aos 5 e se sabem de cor. Onde há coisas que nunca vi.