sexta-feira, novembro 23, 2007

李振藩 CAPITULO XCV: Carta aberta (Tomo II e meio)

Exma. Sra. Dra. Bobone,

esperando que seja bem portuguesa e portanto Bobone poderá apenas ser escrito desta forma, vou pedir-lhe que não fique sentida comigo por interromper a carta que lhe tenho vindo a dirigir mas algo de estranho se passou hoje aqui em casa. Então não é que o meu "primo" que acabou de chegar a Shanghai para fazer o Contacto este ano e que está cá em casa uns tempos (não interprete "primo" à letra, não intercedi junto de ninguém na AICEP para o meter cá) teve a amabilidade de trazer um queijinho de Serpa, daqueles amanteigadas "bem à maneira". Não sei se foi o cheiro intenso que "inundou" a casa que o perturbou ou se foi do facto de o termos aberto por cima, mas por uma qualquer incompreensão gastronómica, o meu "mordomo" mandou-o, assassinado, para o lixo.
E é nestes momentos, pelo crescimento cultural que estas pequenas coisas nos proporcionam, que lhe quero agradecer pelo facto de o contrato que assinamos convosco não ter uma cláusula de regresso.
Um bem haja,

司辉逸



domingo, novembro 18, 2007

李振藩 CAPITULO XCIV: Carta aberta (Tomo II)

Exma. Sra. Dra. Bobone,

Volto a pedir desculpas, porque embora já saiba o seu nome (esta semana de ausência foi preenchida a desdobrar-me em emails e telefonemas para tornar o nosso contacto mais intímo), não tenho a certeza absoluta da correcta forma de a escrever - Bobonne, Bobone ou Bobbone. Por outro lado, como também compreenderá, a associação à sua icónica familiar Paula (como já frisei tenho hoje a certeza que todos somos família) obriga-me, por declinação, a proceder em boas maneiras. Com a devida vénia de retirada, vamos então ao que interessa.

Depois de, julgo que de forma clara, ter exposto as minhas preocupações quanto à cartilha que parece que por aí se vai seguindo, deixe-me levantar um outro problema que julgo que não terão ponderado - objectivos.

Desde muito puto percebi que fazer coisas sem objectivo é a melhor forma de aliviar o stress. Deixar andar é uma receita extraordinariamente relaxante para esperar nada. Mas um pouco mais tarde percebi também que quando se mete ao barulho dinheiro vivo o melhor é ter objectivos, e de preferência ambiciosos, caso contrário podemos acabar a pagar a dívida a dobrar. E mais recentemente, desde que pago impostos, fui forçado a perceber que se alguns "malandros" andam por aí a investir o meu capital, então é bom que tenham objectivos bem definidos e que me apresentem contas trimestrais. Ora é exactamente este o ponto que eu queria debater. Começo por pedir-lhe que pegue na calculadora e faça um conta simples: 200*2000*12*10. Dá, como vê, a bonita soma de 48 milhões de euros. Não, não é o jackpot do Euromilhões: é, grosso modo, o dinheiro que em 10 anos se gastou em bolsas do Programa Contacto.

Sou o primeiro a admitir que é dinheiro muito bem gasto. O programa é, na minha opinião, das melhores decisões estratégicas que se tomaram em Portugal. Mas, simultaneamente, uma das mais mal geridas. O programa Contacto é, tal como um MBA pago por uma empresa, um investimento num recurso, que se espera com potencial de retorno. Agora imagine as McKinsey's e BCG's deste mundo a pagar MBAs a "torto e a direito" - daqueles que custam alguns 150 mil euros em Harvard - e ver a rapaziada ao final de 2 anos a regressar ao posto e a dizer :"Chefe, obrigado pelo MBA! Foi uma maravilha! E já agora aproveito para lhe dizer que hoje é o meu último dia porque recebi uma proposta porreira para ser general manager da empresa X, onde os gajos me oferecem 3 vezes mais, agora que vim de Harvard." E com isto diz o chefe: "Epá, fico contente por ter investido em ti ao longo destes anos todos. Aliás, és o terceiro gajo que me diz isso hoje, é sinal que vocês são bons. Fico orgulhoso. A ver se vamos beber aí uns copos para celebrar." E é ver o CEO, o CFO, o CMO, o CTO e o Gestor de Recursos Humanos que o tinha recrutado há dois ou três de anos, com toda a maralha, a ir beber copos depois de torrarem o dinheiro dos accionistas num "tipo" que se vai embora no exacto momento em que devia começar a "produzir".

Ora bem, o Contacto é, perdoe-me a analogia, uma espécie de MBA a fundo perdido. É a rampa de lançamento ideal para irmos depois trabalhar para outro lado onde podemos ganhar mais. A única diferença é que é um MBA pago com os impostos de todos nós. E sendo dinheiro investido em capital português, deveria ter um vínculo contratual posterior, para evitar que fiquemos indefinidamente no estrangeiro a contribuir para um qualquer PIB e nos alheemos de contribuir para o nosso próprio país.

Com tacto de negócio, vai ver que ainda põe o programa a dar dinheiro. Mas agora não pense muito nisso. São 15 horas de sexta-feira em Portugal, deve ser hora de ir de fim-de-semana.

Até segunda às 11 da manhã, depois do cafézinho,

司辉逸

(P.S.: Tomo3 a sair...)

sexta-feira, novembro 09, 2007

李振藩 CAPITULO XCIII: Carta aberta (Tomo I)

Exma.Sra.Dra.Nova Responsável pelo programa Contacto,

antes de mais peço desculpa por não saber o seu nome, mas como elemento dissidente da geração de ouro do Contacto 10 e já excomungado da mailing list interna, não tive a honra de receber o seu email de apresentação a dar-nos conta da necessidade de devolução do computador portátil que tanto jeito me deu ao longo deste passeio de quase 9 meses (e que por sinal já foi devolvido, devidamente formatado para as configurações de fábrica). Sem necessidade de grandes apresentações formais, visto que é bem provável que sejamos família (acabei de ler um livro que garante com uma certeza aterradora que algures na cadeia evolutiva do Homem todos descendemos de meia dúzia de homo erectus que povoaram o nosso Mundo há 2 ou 3 milhões de anos. Sendo assim, e dada a nossa diferença de idades, tia acho que se adequa) passo a explicar o porquê de lhe escrever esta carta.

O sentimento que me move é inquietante. Sinto-me um arauto com o dever moral, porque afinal de contas fiz parte da "nata da nata" durante 6 meses, de redigir uma espécie de 6/9 de relatório de estágio (tal como todos os meus conterrâneos), mas saltando a parte do estágio propriamente dita - tão fraquinho que foi não merece sequer um relatório - e indo de imediato para a parte das opiniões e sugestões de melhoria, onde acredito ter inputs originais (não porque os outros não tenham pensado nelas, mas porque são um pouco politicamente incorrectas e sinto que não as vai encontrar com regularidade nos relatórios que estão para chegar) que poderão trazer finalmente um superávit à instituição.

Vamos então por partes e com método, como gosto, para privilegiar a clareza:

.Definição de Q.I.:
embora alvo de muita discussão e uma noção que comporta sempre uma boa dose de subjectividade (inclusivamente nos grandes foros científicos de especialistas) foi estabelecido for Alfred Binet nos idos anos de 1800 que Q.I. deveria significar Quociente de Inteligência. Concorde-se ou não com a denominação, pela ampla difusão mundial tornou-se senso comum e parece-me que não é de todo apropriado que se mudem assim as interpretações sem pedir autorização. Concerteza concordará. Mas como a teoria e a prática percorrem muitas vezes caminhos distintos, esta noção parece que vem sendo vilipendiada em tudo o que é processo de recrutamento, e a estas horas o homem anda a contorcer-se na campa. Em favor da verdade - ou pelo menos do respeito - Q.I. deverá, goste-se ou não, significar "Quociente de Inteligência" e nunca "Quem Indica". Porque assim, a perpetuar-se esta versão mais underground, teremos de pensar em mudar o slogan do programa de "A nata da nata" para "A nata da nota".

(Final do Tomo I. Tomo II para breve)


segunda-feira, novembro 05, 2007

李振藩 CAPITULO XCII: "pobretes e não alegretes"

Sou dos que acredita que tudo tem uma explicação, mesmo que desconhecida. E muitas vezes a explicação é em tudo mais óbvia do que aparenta ser.
De facto, sempre achei meio confuso aparecermos na cauda dos rankings de tudo o que é optimismo, auto-estimas, níveis de felicidade, confiança no futuro, etc etc. Há aquelas teorias que dizem que os povos que têm mar, muito sol, feriados à brava, boa pinga, boa comida são felizes não obstante serem sub-desenvolvidos. Nós devemos ser dos poucos - sinceramente não me lembro de nenhum outro neste "agora" - que somos infelizes e subdesenvolvidos "ambos os dois" ao mesmo tempo. Embora não concluída, esta teoria tem já um princípio basilar que constituirá a fundação da teoria que aqui inauguro "pobretes e não alegretes" - uma reedição daquilo que diria o homem dos "rapa tachos".


Ora, vamos à exposição do argumentário:

05-Novembro'07

No site da CCTV (cadeia estatal chinesa de televisão)


.US Defense Secretary holds talks with Chinese military leaders

.China concerned about Pakistan´s state of emergency

.China, Africa celebrate anniversary of Beijing Summit

.Vice Premier takes up field work to boost farm production


No site do conceituado Público:


.Finanças estão a avaliar situação da funcionária pública incapaz para trabalhar

.PetroChina é a maior empresa do mundo em valor de mercado

.Avó e dois netos atropelados numa passadeira em Tires

.Militar da GNR ferido em tentativa de assalto em Gondomar


Agora, atribua-se "1" ponto a cada notícia positiva, animadora e aceleradora da auto-confiança nacional e "0" a uma notícia careta. O resultado final daria 4-1 para a China, sendo que o único ponto português conseguido num meio de comunicação tuga não é sequer de conteúdo nacional mas, por acaso, até é chinês. Façam este teste vocês mesmos de hoje para a frente, multipliquem por 3 ou 4 vezes ao dia (assumindo 2 telejornais visionados por dia, mais um jornal e umas notícias online), 365 dias por ano, ao longo de 75 anos de vida e não sei quantas gerações e no final tentem convencer quem quer que seja que o país anda para a frente, que devíamos estar felizes, que o futuro é risonho e que daqui para a frente acabaram-se os problemas e os anti-depressivos.


Pois é, eu nem concordo com ditaduras do partido único e com a censura da imprensa, mas lá que por estes lados a auto-estima nacional anda lá por cima, ai isso anda. E que era bom fechar a TVI, boicotar algumas novelas e mandar uns tantos para a choldra para por em casa em ordem, lá isso também não era mal feito. A ver se o PC chinês abre uns franchisings e mandamos uns quantos mandatários para aí.


Com ela lá em cima, aquele abraço em abaixo-assinado,


司辉迤