sábado, fevereiro 17, 2007

李振藩 CAPITULO XVI: sichuan.psd

Por mais impressionante que possa ser o real, o Photoshop encarrega-se na maior parte das vezes de capitalizar a nossa incredulidade perante a ostensiva beleza.

Em cada viagem que faça, seja para onde for, a expectativa é alta. Acredito sempre que a próxima é a paragem onde o efeito Photoshop pouco ou nada terá a acrescentar. Não nego que é esse um dos objectivos desta minha viagem: desmascará-lo.

Durante os próximos 8 dias, encosto a porta deste nosso blog, dando-lhe descanso. Rumo a Sichuan, para a primeira viagem pelo interior da China. Pego na mochila e saio.

Aliás, volto atrás. Por pouco ia-me esquecendo de trancar a gaveta, onde espreitava já, sozinha, a cópia pirata do Photoshop...


Sichuan. Photoshop?

sexta-feira, fevereiro 16, 2007

李振藩 CAPITULO XV: Fapiao

São 2 da manhã e tiro a carteira do bolso. Aproveito para ver se ainda há dinheiro suficiente pra almoçar amanhã...não creio. Levantei 1000RMB hoje e já não sobra muito. Agarrado às notas sai um papel que guardei pelo respeito que lhe ganhei. Conheci-o ontem. Tinha acabado de almoçar, mais uma comida chinesa, soja e picante q.b., óleo em demasia, umas verduras em wok e mais umas coisas que nem quis saber bem o que são. Enchido o bandulho, o máximo que posso fazer é esperar que caia tudo seguro no fundo do estômago. Veio a conta para a mesa. Fapiao, gritou a Eleni. Fapiao....fapiaaaooo....fapiaaaaaoooooo.....ecooou até ao mestre de cerimónias que atrás do balcão faz as contas do deve e do haver. O fapiao chegou, pronto a ser testado. Tiro uma moeda ao calhas e vai de raspar.

Um xièxie [obrigado] é tudo o que tens para me dizer?!?

Levantei-me e virei as costas, atirando-o para o prato de onde voltou.
Au revoir, fapiao.

Já me tinha acontecido o mesmo uma vez, na Suécia. Não estava à espera de o presenciar aqui mesmo na China, um país que embora em explosão, permanece arcaico nas vivências sociais e culturais do dia-a-dia. Numa cidade de 18 milhões, conseguir cobrar o imposto a metade desta gente, dá tanto quanto o Orçamento de Estado em Portugal contempla para 2007. Onde bastam 10 em cada 100 para encher uma Nova Lisboa, a preocupação com a fuga aos impostos já se manifesta. Foi assim que nasceu o Fapiao - uma mistura de factura com "raspadinha". Todos os estabelecimentos comerciais têm de o ter. Basta pedir, raspar e voilá...prémio?

Ganha o país, porque o consumidor pede factura e o Estado arrecada.
Ganho eu, porque me abriu os olhos e porque o vício da "raspadinha" e do dinheiro fácil é inato.

Ganha o vício, porque se perpetua...


El fapiao

segunda-feira, fevereiro 12, 2007

李振藩 CAPITULO XIV: A bem da Ibéria

Ontem juntámos provavelmente numa casa apenas todos os portugueses que vivem em Shanghai. Tivemos direito a almoço para matar saudades, com cozido à portuguesa e Bacalhoa. 5 estrelas. Para mim um excelente almoço é sempre a soma de três variáveis: boa comida, boa bebida e boa companhia. Perdoe-me a padeira de Aljubarrota, mas nacionalismos à parte, sabe sempre bem um pouco de salero. A bem da Ibéria...


Pilar e Elena

P.S.: pt.wikipedia.org/wiki/Padeira_de_Aljubarrota

李振藩 CAPITULO XIII: Samba e Caipirinha

Se és bom garfo, esquece a comida chinesa. É a primeira grande lição que tiro destas 3 semanas. Sabia que os cozinhados da mamã me iam fazer muita falta por estes lados, mas nunca imaginei que tanto. A comida é gordurosa. Muitas vezes não sei o que estou a comer. Como gato por lebre, sem dúvida, mais vezes do que gostaria. Primeiro foi a galinha crua (ainda vá que não vá). Na semana passada, ou muito me engano, ou comi cão. Tentaram convencer-me que era carne de vaca. Já comi vaca do Açores, picanha do Brasil e ojo de bife argentino, mas como aquilo nunca. Também por 50cêntimos não posso pedir do Pujadouro. Outro dia, à saída da Disco, arrisquei numa roulotte de Shanghai. Umas banquinhas na rua, umas velhotas simpáticas com um assador improvisado, e umas espetadas no carvão. Porco, disseram. Gato por lebre. No dia seguinte abro uma revista e lá vinha: "a maior parte das espetadas que se vendem em Shanghai na rua são de rato".
Mas não me posso queixar. Pelo menos tem sido gastronomia diversificada.
Mas ontem foi tirar a barriga de misérias. Eram 21h. Entro no Latina, rodízio brasileiro. Caipirinhas, picanha, maminha, feijoada e arroz à descrição, com sabor a samba.


Sambinha para tirar o pé do chão.

Sem medos, Gago a assumir o microfone.

domingo, fevereiro 11, 2007

李振藩 CAPITULO XII: banho de bola

Era suposto sermos 14 mas só apareceram 8. Bola ao centro. Um chinês de chapéu de chuva guarda as redes da minha equipa. Outro chinês, de bom toque de bola, joga a lateral no team adversário. De resto é só portugueses. Jogamos uns contra os outros. Mas é por Portugal.
Chove sem parar. Passes longos, dribles malucos, olé! Chove sem parar. As gotas de chuva, tornam o terreno pesado mas para matar a fome de bola, depois de três semanas em Shanghai, até podia chover pedra.
Chove sem parar. Banho de bola.

domingo, fevereiro 04, 2007

李振藩 CAPITULO XI: Cálefule Gubei

O frigorífico está vazio. Saio de casa e apanho um táxi para o Carrefour Gubei. É uma experiência única entrar num hipermercado em Shanghai. São 7 andares, uns em cima dos outros, repartidos por múltiplas secções. Encontrar o que quer que seja demora o triplo do tempo. São tabuletas em chinês, milhares de carrinhos de compras engarrafados - como se estivessem à espera que o semáforo abrisse - pessoas empurradas em todas as direcções e um cheiro (aquele cheiro que impesta toda a cidade e que ainda não sei bem que mistura é), que cansa. Ouvem-se sons projectados por colunas. Parecem pregões de varinas, promotoras quase afónicas a gritar, para ver quem ganha: "ó minha rica, já viu que belo produto?", milhares de demonstrações de produtos que estão em promoção - cozinheiros contratados para promoverem a nova panela que não deixa a comida queimar, o novo aspirador XPTO, a máquina de auto-massagem e a cola milagrosa que daquilo que consigo perceber cola cientistas ao tecto.
Isto parece o último dia da EXPO'98. Quase não consigo ver os meus pés. Vejo apenas ao longe uma marca que reconheço.
Vou virar na segunda à esquerda em direcção à caixa, para pagar. Deve ser só mais uma hora, porque a fila nem vai longa...

李振藩 CAPITULO X: Versace Xiansheng

Sempre me disseram: Na China, vais com uma mala de roupa e vens com 2 ou 3. Não sou pessoa de perder muito tempo nas compras, confesso. Ouvi falar que aqui em Shanghai há umas lojas em que fazem fatos baratos por medida. Resolvi embarcar na experiência.

Depois de 10minutos de táxi (já andei mais de táxi nestas 2 semanas do que na minha vida inteira. Ir de Benfica às Amoreiras custa 1€ nestas paragens) parámos num bairro antigo da cidade, na LuJiaBang Rd. Tinham-me falado do Sr. Sheng, que consta que veste as estrelas de Hollywood (!?). É conhecido em Shanghai pelo Versace Xiansheng (Mr.Versace). Estaria à espera duma loja state-of-the-art num fancy neighboorhood mas nada disso. Um barracão tipo centro comercial improvisado, velho, sujo, e um Versace made in China.

Comecei por um sobretudo à Mourinho. Escolhi o tecido, um preto de bom nível. O Mr.Versace tira do bolso a fita métrica e o bloco de notas. Tirou minuciosamente todas as medidas. Slim cut, Xiansheng! Primeira despesa: 400 RMB (40€). Estará pronto amanhã.

Passámos aos fatos. É impressionante o número de tecidos e padrões à minha disposição. Escolho um azul conservador, risca ao de leve, onde se lê made in Italy. Mais medidas, também slim cut. Escolho o número de botões do casaco, quantas aberturas e mais uns quantos detalhes, para que fique perfeito. Segunda despesa: 450RMB (45€). Pronto na 4ªfeira, com home delivery.

Agora as camisas. Por medida, meus amigos! Escolho 6 tecidos. Cada uma fica a 8 eur. O impressionante de tudo, mais do que o preço (porque ao final de 2 semanas já me habituei ao custo de vida sultânico que esta cidade me proporciona) é o detalhe com que gerem este negócio. Escolhi o corte da camisa, se quero bolsos, que botões, cosidos de que forma. Este ou aquele tipo de colarinho? Este, apontei. O detalhe que me arrasou: escolher entre 20 tipos de fonts e que iniciais quero colocar em algumas das camisas. RB, claro! Um azulinho claro, do cor do tecido, para ficar discreto. Entrega: Yes, yes, wednesday we deliver home, diz o Sr.Versace com o auxílio dum intérprete-amigo que entretanto desenrascou na loja ao lado.

4ªfeira tenho roupeiro renovado. 6 camisas, um fato 100% cashmere e um sobretudo à Mourinho. Tudo isto por pouco mais de 130€. Agora sim, percebo o porquê das 2 ou 3 malas. Para a semana voltamos para mais um fato. Vou tentar desencantar por aí um BOSS, porque fazem réplicas perfeitas! ;)

R.Rapazote: 'ta dificil escolher o tecido certo!

J'Alves: wonderbra por medida! ;)

Versace Xiansheng

Ai esta ela: a camisa branca para o fato!

Fancy store...

李振藩 CAPITULO IX: Honras de Estado

Não tenho dúvidas. A China é o país a estar. Shanghai a cidade da actualidade. Tudo o que aí venha será certamente muito bom. Para o país, para a cidade e para todos nós, que por cá andamos. Embora como de costume um pouco tarde, porque os mercados que supostamente poderíamos dominar pela qualidade (refiro-me especialmente ao vinho) já estão completamente tomados pelos Australianos, parece que Portugal acordou finalmente para o potencial deste país. Tal como o está a fazer para a Índia. Este é um projecto claramente na ordem do dia, com a visita de Sócrates à China. Sabia disso já há bastante tempo, ainda antes de saber que viria para Shanghai. Mas não soube muito antes que seria convidado para um jantar CONTACTO, no Meridièn de People's Square. Com lugar marcado, sentei-me mesmo à frente do primeiro-ministro, ladeado pelo Ministro das Finanças e pelo Embaixador português na China. Lugar VIP, na primeira fila, numa noite de boa comida e boa conversa.




李振藩 CAPITULO VIII: GreenMassage

Estar na China e não aderir à massagem oriental é como ir a Roma e não ver o Papa ou ir a Lisboa e não ver a estátua do Eusébio. A tarefa árdua no meio disto tudo foi tentar descobrir o melhor sítio. Optámos pela Green Massage. Um ambiente intimista de música lounge oriental. 45 minutos de massagem tradicional chinesa para relaxar. Uma marquesa à minha disposição e todo o tempo do Mundo para desfrutar. Não fosse o facto de metade do tempo parecer mais uma tareia do que uma massagem. A essência é fazer circular a energia duma forma mais uniforme pelo corpo, reduzindo as zonas de stress. E como energia se combate com energia, digamos que não foram meigos. Dores de ombros e de pescoço para começar. No dia seguinte, pernas doridas. Mais relaxado? Sem dúvida. Por 88 RMB (8.8€) cada 45minutos é para continuar. Pelo menos 2 vezes por semana.

Quem cá vier visitar-me, já sabe. Vai fazer parte do roteiro!

P.S.: para agucar o apetite: www.greenmassage.com.cn

李振藩 CAPITULO VII: vida ou morte

Em Sha Sheng trabalha-se. Durante o dia. É uma mistura cultural impressionante: ao meu lado um australiano e um sul coreano. À minha frente uma japonesa.
Não há grande preocupação com a integração. Alguma frieza cultural, própria dos asiáticos, talvez misturada com algum desleixo e egoísmo deixa-nos um pouco ao abandono. Hoje, mais do que nunca, sei: em Portugal, sabemos receber. Acima de tudo, fazemos alguma questão em que as pessoas com quem trabalhamos se sintam bem. Cá não. É um pouco o safe-se quem puder.

As coisas só mudam com o natural relaxamento provocado por dois copos de vinho à refeição ou pelo início do karaoke. Alinhei, nos dois. Mas antes disso, tivemos direito a uma actuação, em palco. Soube que ia participar 1 hora antes. Parece que havia um guião, que pretendia passar alguns dos valores da nova empresa pós-fusão. São os típicos exercícios de integração e socialização, para que as 2 culturas, tão diferentes, se possam esbater. Em Portugal, seria uma "palhaçada", no bom sentido da palavra. Galhofa, gozação, uns grupos a boicotarem outros, no bom espírito lusitano. Aqui é questão de vida ou morte. Se há coisa que um chinês honra são estas provas de grupo. É essencial provar-se quem tem valor e quem não tem. O grupo que acabou por ganhar era o único composto totalmente por chineses. Com direito a dança do dragão, artes-marciais, taishi, tudo minuciosamente preparado. Diria que pelo menos uma semana e uns bons milhares de euros em adereços. Contra o nosso zero-budget e meia hora de ensaio, entre duas mesas de jantar. Meto o barrete na cabeça e há que entrar em palco.
3...2....1....go go go, gritou o francês.


Tudo a postos. Logo as 8h, para comecar o dia em grande.

Ao final da tarde, as actuacoes.

O meu grupo em accao.

Os chineses da Shanghai Bell nao facilitaram. Era mesmo para ganhar!

Eu, o meu novo chefe e um dos elementos femininos do grupo

李振藩 CAPITULO VI: Quem pode, pode!

O negócio corre bem. Isso é claro. China, Japão, Northeast Asia e Southeast Asia fazem €3 bn ao ano. E quando há, que seja para todos. Comecei agora, é um facto, mas estão a tratar-me bem. Um quarto 5 estrelas no Meridièn de Sha Sheng.

É fácil detectar as grandes diferenças e tentar antever desde já o que serão estes 9 meses na ALCATEL-LUCENT em Shanghai. Na Unilever estava habituado a under 30's. Aqui under 40's não é fácil encontrar. Do marketing de consumidor passo a um B2B, extremamente técnico. A recente fusão entre a ALCATEL e a LUCENT leva a que ainda se esteja a tentar encontrar um rumo e assiste-se muitas vezes a confrontos de duas culturas que eram em si bastante diferentes. Mais um desafio, como gosto.


李振藩 CAPITULO V: Sha Sheng

Tinha ficado combinado. Às 7h de 2ªfeira em People's Square para encontrar o Mr.Kenji Mirassou, meu futuro chefe. Daí iríamos para Sha Sheng - a 1 hora de Shanghai - onde até 5ªfeira estaríamos na convenção ALCATEL-LUCENT da APAC (Asia Pacific). Para mim, o começo não podia ter sido melhor. Ter a oportunidade de durante 4 dias participar num dos fóruns mais importantes, ouvir os gurus deste negócio e acima de tudo quebrar desde já o gelo com aqueles que serão os meus futuros colegas é iniciar-me com chave-de-ouro.

李振藩 CAPITULO IV: 66 Qing Dao Lu

Mais de 20 casas depois, acho que é isto. Entrámos no lobby, bom nível, LCD à entrada, um trio de sofás à espera de visitas. Subimos o elevador até ao 22º andar, apartamento 2202. A chave rodou 2 vezes (estava com receio que fosse mais um apartamento "à chinês", de péssimo mau gosto, acabamentos impróprios e materiais terceiro mundistas...), mas parece que não...

Tudo começou três dias antes. A forma mais simples de encontrar casa em Shanghai é contactar agentes que se espalham pela trama urbana desta cidade. Quem já cá estava fez-nos o favor de arranjar uns contactos avulso que com um telefonema agendam no imediato algumas visitas a casas para alugar, que cumpram os critérios de orçamento, localização e número de divisões que queiramos. Já que estamos em Shanghai que seja "à patrão". Como sempre o disse.

Conhecemos quase tantos agentes como casas. Amy's, Mary's, John's, todos têm nomes ingleses. É uma espécie de "nome artístico" a que o negócio vai obrigando. O Hua Fèng não aderiu. Um chinês do interior, que para fazer pela vida pegou nas malas aos 23 e rumou a Shanghai. O inglês que sabe aprendeu-o de há 2 anos para cá, na internet, num motor de busca linguística, colocando palavras em mandarim e procurando a sua tradução. É isto que impressiona neste povo: a força de vontade. Entre visitas, vamos aproveitando para fechar alguns assuntos: cartão de telemóvel, internet, conta bancária. O Fèng faz questão de ajudar, enquanto middle man. E não é pela gorjeta, porque cá não só não se usa como até pode ser mal interpretada. É simples vontade de se sentir útil e de continuar a conviver com estes "tugas" que acabaram de chegar e que parecem fazer com que o dia dele corra mais depressa. A negociação tem sido complicada. O preço que nos pedem não serve. A casa é excelente mas não justifica. Acabámos às 20h por ir aos escritórios, porque negociar de pé poderia levar a que fôssemos vencidos pelo cansaço. Estes dias de convívio ajudaram-me a perceber um pouco melhor até onde posso ir na confiança com este povo e especificamente com o Fèng. A ideia aqui é ver até onde é que a agência se chega à frente, porque a comissão deles é 40% da primeira renda. Ao mesmo tempo, uma piada aqui e ali ajuda a quebrar o gelo e pode facilitar nesta altura. Abro a brochura que está em cima da mesa. VIP SERVICE diz. "A Real Estate ONE tem à disposição dos seus clientes um BMW 730 para as deslocações aquando da assinatura do contrato".
Fèng, quero isto para nós,
disse assertivo.
Além disto quer que me arranjes o melhor mapa de Shanghai que encontres.
E uma máquina de água, como as que têm os escritórios.
Ah, e internet também, já para daqui a 2 dias.

O Fèng franziu o sobrolho, enquanto sorria. Estes portugueses são doidos, tenho a certeza que pensou. Entre as talvez 10 chamadas que fez para a senhoria a tentar fechar o preço final, que lhe pedimos, rabiscava no caderno, sinal de algum desconforto. Não ligou muito aos nossos pedidos, quis-me parecer. E não fechou o preço.

No dia seguinte, era hora de almoço. A chamar:Fèng, denunciava o telefone. Temos o preço, gritou. 'Tá feito! No dia seguinte, combinámos às 9h30 para assinar o contrato. Às 9h20 recebo uma mensagem do Fèng: estamos cá em baixo com o taxi. Ainda demorámos uns 20 minutos a descer do pequeno almoço. E voilá. Abriram-nos as portas do BMW e seguimos. (http://www.youtube.com/watch?v=BSOjnsYy9rg)

Todo o tratamento foi irrepreensível. Das portas do BMW seguimos para as portas de uma van, com direito a motorista e intérprete. O chefe foi peremptório: o vosso dia é ajudar estes 2 senhores. Fomos ao hotel buscar as malas, levá-las a casa, comprar mobília ao IKEA, compras no Carrefour. A disponibilidade foi impressionante. Preocupado com o andar das horas perguntei à Sisi (Si é 4 em mandarim. É uma miúda engraçada, com piada. Não tem outra cara que não seja a rir. Disse-me que o irmão se chama SanSan (3-3 em mandarim) e que a irmã se chama èrèr (2-2). O que quer que aí venha a seguir escasseia concerteza em originalidade.
Preocupado com a hora tardia pergunto à Sisi e ao motorista se não preferem ir para casa que nós tratamos das últimas coisas. Não, não. Vamos à hora que fôr.

Chegamos finalmente a casa, carregados de sacos. Vamos montando as primeiras coisas, para começar a ficar com um toque pessoal. Em cima da mesa, o mapa que pedi ao Fèng. Já ligada à corrente, a máquina da água. E amanhã às 10h chega a internet.

Encosto-me na cama. À minha frente estende-se Shanghai, vista de noite, no seu melhor perfil. Encosto-me um pouco mais e a vista começa a pesar. Estes 9 meses prometem.

Amanhã às 10h aparece aí o Fèng para se colocar a internet. Acabará por ficar mais um pouco porque diz que quer ser nosso professor de mandarim, em troca de uma ajuda no inglês. Vamos acabar a almoçar numa tasca shanghainesa. Galinha crua no menú.

Mas por agora refastelo-me nesta cama queen size. No horizonte, alguns vultos que me lembrariam Portugal, não fosse eu estar no número 66 da Qing Dao Lu...