terça-feira, março 06, 2007

李振藩 CAPITULO XXI: Caco de Lusofonia

Depois de uma boa massagem, uma boa refeição. Fui testar, embora incrédulo. Táxi para a Mao Ming Lu, 10 bimbis de táxi e parámos à frente do Sandoz. Acho que é uma adaptação. Já que os chineses têm sempre um segundo nome inglês para a internacionalização, os estrangeiros fazem o mesmo. Deve ter sido isso que o Sr.Santos fez. Deu um jeito na terminação, meteu-lhe um "z" nos queixos para dar um ar latino e a coisa até passa bem. Ou então uma adaptação de Santos para "sandocha" e ficou ali no intermédio para não comprometer.

Andavam-me a dizer há 1 mês que não havia cozinha portuguesa em Shanghai. Além daquela que a rapaziada que chegou comigo faz nas festarolas que se organizam por aí nas sextas-feiras. Na semana passada, uma luz ao fundo do túnel, quando o Kenji chegou com o guia para me mostrar aquilo que já dezenas de vezes tinha negado. Verdade ou mentira, consequência. Um homem em desespero acredita em milagres. Por um caldo verde ou um bacalhau à brás, nesta altura, vou a pé até Fátima.

Subo as escadas. Ouve-se um faduncho, que vem das colunas lá de cima. Uma bandeira portuguesa na parede, dois cozinheiros chineses na cozinha, duas empregadas de olhos em bico, 2 hermanos espanhóis e um casal francês na mesa lá do fundo. Dá-lhe um ar internacional. A má ventilação denuncia o cheiro a fritos. Não há crise. Saia-se daqui a cheirar a bacalhau assado, posta mirandesa e arroz doce e ainda serve para adornar o almoço de amanhã. O menú em chinês e inglês, com traduções sempre difíceis indicia: caldo verde, salada de polvo, chouriço assado e bife à portuguesa. Na secção das bebidas, um tinto do douro e uma sangria para alegrar a equipa.

O chouricinho assado chegou primeiro. As mãos tremiam. Todos queriam ser primeiro, para testemunharem este momento épico que se estava a viver em Shanghai. Depois de um mês de ressaca de dumplings, noodles, arroz e chopsuey, não há um segundo a perder. Terminou em pouco mais de 10 segundos. Não era memorável, mas estava à altura da ocasião.

30 minutos e o bife não chega. Chega o polvo. Cozido, mal amanhado. Depois o caldo verde. É uma espécie de creme de cogumelos instantâneo com uns fios de couve chinesa e umas tiras de bacon. O único chouriço que havia já foi comido.
Começo a pensar que foram matar a vaca a Miranda do Douro e que vem em DHL. 15 minutos mais tarde, o ranger da escada denuncia. Lá vem o bife, empratado, com uns vegetais congelados e umas batatas McCain. Salivava. Batatas para um lado, vegetais para o outro e fui com tudo para cima do bife. Um desconsolo. Não fora a sangria, para aconchegar a queda, e nem tinha chegado lá abaixo.

O choro na voz da fadista encontra eco no nosso desconsolo, já naquele refrão final. Logo a seguir entra o grande Quim Barreiros, com o carro da vizinha. Tão má a comida como a música que lá vem. A terminar, 20 euros por pessoa. Deve ser para pagar os direitos de autor à SPA.

No meu perfeito juízo não voltarei ao Sandoz. Mas não vou dizer nunca mais. Porque um homem em desespero sempre acredita em milagres.





5 comentários:

柳 绅 龙 disse...

E eu que ja estava por aqui a criar umas espectativas que finalmente iriamos matar essas suadades todas...

Vou ter de tomar medidas drasticas,
Sera que um bacalhau se da bem com avioes??

rpb disse...

manda vir por DHL esse bacalhau! Pago os portes! ;)

Cláudia Florêncio disse...

Ruizinho!!!
Estas tao longe!!!
Que novidade!
So queria mandar um beijinho grande e dizer q tenho saudades dos nossos lanches...
Beijinhos

Anónimo disse...

o Kelly tem uma receita k passa maravilhosamente por bacalhau à Braz, passem palavra pra ele ser obrigado a dar jantar e ......cozinhá-lo!
a yi

Anónimo disse...

Qualquer dia mando mais receitas Lusas k penso se podem fazer aí!